A associação INVOZ acompanha esse movimento com a Diretoria de Aviação
Neste mês de novembro, em Baku, no Azerbaijão, aconteceu a conferência do clima da ONU, a COP29, com aprovação de regras para um mercado de carbono global sob o Acordo de Paris, com a participação de 198 países. No Rio de Janeiro, o G20 contou com a presença das lideranças dos 19 países-membros, mais a União Africana e a União Europeia. Os dois grandes eventos mundiais discutiram as questões climáticas. A Diretoria de Aviação da Associação INVOZ – Integrando Vozes para o Futuro esteve atenta às discussões e ressalta que a descarbonização da aviação é uma prioridade global, com esforços significativos tanto no Brasil quanto internacionalmente para reduzir as emissões de CO₂ do setor.
José Eduardo Costas, associado do INVOZ à frente da Diretoria de Aviação, comenta que existem metas ambiciosas e possíveis tanto mundialmente quanto no Brasil.
“A Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) estabeleceu metas para a aviação internacional, incluindo a neutralidade de carbono até 2050. Para alcançar esse objetivo, estratégias como o uso de Combustíveis Sustentáveis de Aviação (SAF), melhorias tecnológicas e esquemas de compensação de carbono estão sendo implementadas. O Esquema de Compensação e Redução de Carbono para a Aviação Internacional (CORSIA) é uma dessas iniciativas, visando compensar as emissões de voos internacionais por meio da compra de créditos de carbono”, explicou José Eduardo.
O Brasil tem se destacado em iniciativas para descarbonizar o setor aéreo como, por exemplo:
● Compromissos internacionais: em outubro de 2022, o Brasil firmou compromisso com a OACI para alcançar crescimento neutro de carbono na aviação a partir de 2027 e 100% de compensação das emissões de CO₂ até 2050. Esse acordo inclui a implementação de medidas para auxiliar países em desenvolvimento na descarbonização da aviação, por meio de cooperação, transferência de tecnologia e acesso a financiamento.
● Produção de SAF: em junho de 2024, foi inaugurada a primeira planta de produção de petróleo sintético para fabricação de SAF na unidade de biodigestão da Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR). Essa planta utiliza biogás como principal fonte de carbono para a produção de hidrocarbonetos renováveis, posicionando o Brasil como pioneiro na produção de combustível sustentável para a aviação.
● Fórum Conexão SAF: em junho de 2024, foi lançado o fórum Conexão SAF, reunindo instituições públicas e privadas para debater a viabilidade dos combustíveis sustentáveis de aviação no Brasil. O objetivo é identificar desafios técnicos, regulatórios e logísticos para a produção e consumo de SAF no país, propondo alternativas para torná-los viáveis economicamente.
● Parcerias e projetos piloto: a Gol Linhas Aéreas e a distribuidora de combustíveis Vibra completaram, em junho de 2024, o primeiro acordo “book-and-claim” na América Latina para compensar emissões de carbono por meio do uso de SAF. Esse sistema permite que companhias aéreas compensem emissões comprando créditos originados do uso de SAF por outras empresas, facilitando a redução da pegada de carbono enquanto o SAF ainda não está amplamente disponível.
Fornecedor de crédito de carbono
Indo além do setor de aviação, mas mantendo uma conexão com o tema, o Diretor de Empreendedorismo e Inovação do INVOZ, Luis Pasquotto, ressalta a posição privilegiada do Brasil, que, graças aos seus abundantes recursos naturais e potencial singular para impulsionar uma economia verde, combina grande responsabilidade global na redução das emissões de gases de efeito estufa com uma oportunidade única de promover o desenvolvimento socioeconômico. Esse cenário se torna ainda mais relevante com a recente aprovação da Regulamentação do Mercado de Carbono pelo Congresso Nacional.
De acordo com Pasquotto, “A aprovação pelo Congresso é um passo importante, mas ainda há necessidade de regulamentar a operação. No entanto, assim que operacionalizado, o mercado regulado de créditos de carbono terá o potencial de financiar a transição energética no Brasil, atraindo investimentos internacionais e viabilizando projetos de energia limpa, como solar e eólica. Esse movimento, se bem gerenciado pelo Brasil, promoverá o crescimento econômico, gerará empregos e consolidará a liderança do país em uma economia de baixo carbono”.
Desafios e perspectivas
Apesar dos avanços, a adoção de SAF ainda enfrenta desafios, como custos elevados de produção e disponibilidade limitada. No entanto, iniciativas como a planta-piloto em Foz do Iguaçu e o fórum Conexão SAF demonstram o compromisso do Brasil em superar essas barreiras e liderar a transição para uma aviação mais sustentável.
“Globalmente, a colaboração entre governos, indústrias e organizações internacionais é crucial para atingir as metas de descarbonização, garantindo que o crescimento do setor aéreo ocorra de forma sustentável e alinhada aos objetivos climáticos”, finalizou José Eduardo.